Me assumir personagem, pelo simples direito de escrever minha própria história

O roteirista de Deus, do acaso e do destino, me supera muitas milhões de vezes. A vida real é infinitamente mais absurda, maravilhosa, cruel e triste do que qualquer história que eu pudesse inventar.

Assim, registro o real como um exercício de ficção. Apesar de besta, apesar de simples, apesar do que for – reivindico apenas o direito de contar minha própria história.

No passado, minhas palavras já foram semente, flor, navalha e pólvora. Não temo que meus escritos apodreçam na gaveta, temo, pelo contrário, que explodam!, e que na volta acabem atingindo a mim ou a quem amo.

Já teve dia deu querer que tudo que eu pensasse fosse posto em palavra. Desejos tem poder, e, com um pouco de disciplina, talvez eu consiga chegar perto disso. De qualquer forma, por mais que eu amadureça e crie filtros (apesar de que, será que quero criar filtros sobre meus próprios pensamentos, sentimentos e memórias?)…

…O simples fato de organizar e publicar nossas ideias já têm consequências em um mundo que normaliza o absurdo. Por enquanto, ainda não é seguro dizer o que se pensa, e no ritmo que vamos, talvez um dia até pensar seja crime.

É potente isso de escrever a própria história, porque além de personagem, me assumo enquanto autora – aquela que determina o rumo dos próximos capítulos.

Em tempos de conexão incessante e expressão de si através da tela,
O blog como selfie, a selfie como espelho, o espelho como forma de percepção de si.

PUPILA: O buraco negro de dentro do olho.
PUPILA, Condição de aprendiz.
PUPILA: Espaço pra dar forma ao pensamento, ainda que seja pra mudar de ideia depois.
PUPILA, Exercício diário de busca pela própria voz.

“Escrever o que não pode ser esquecido”, como nos ensina Isabel Allende.

Escrita como remédio pra memória fraca. Escrita como ponte de escape da realidade única e da racionalidade compulsória; pelo resgate da imaginação e da capacidade de criar mundos novos.

Se não servir pra nada, se não chegar em ninguém, terei no mínimo construído pontes pra dentro de mim mesma. Dias e noites em comunhão meu próprio ser, escutando todas as vozes que há dentro de mim e deixando que se manifestem, em toda a sua glória, ingenuidade, sabedoria e baixeza.

Escrever como um ato de fé nas próprias ideias.
Como um registro das nossas tentativas de colocar em prática – levantar e cair.
Escrever como forma de criar coragens.

Z o n a a u t ô n o m a t e m p o r á r i a

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