Todas as noites (ou na manhã seguinte, se eu estiver muito cansada) eu registro o que aconteceu no meu dia. No fim de cada mês eu releio essas anotações, e crio uma nova nota pra abarcar os acontecimentos mais marcantes, tanto positivos quanto negativos.
Esse resumo do mês é organizado em categorias (nutrição, movimento do corpo, saúde mental, profissional, financeiro, auto-estima, afetivo, amizades, família, maiores desafios, e por aí vai), de maneira que eu consigo ter um quadro geral do que aconteceu em cada área da minha vida naquele período de tempo.
Isso concluído, já tenho um documento pronto (já deixo todos esses arquivos prontos no começo do ano, separados por mês) uma tabelinha de duas colunas, com mais ou menos as mesmas categorias, onde coloco as minhas intenções e metas para o mês que se inicia.
Pra mim as vantagens de fazer isso são:
- É um momento diário de reflexão íntima e meditação ativa;
- Dou espaço pros meus pensamentos e emoções se expressarem, com a certeza de que estou 100% segura. Neste espaço não serei julgada, nem sobrecarregarei ninguém com minhas emoções;
- Sou capaz de refletir e processar sozinha os acontecimentos da minha vida,
- Aproveito muito mais as sessões de análise semanal com a psicóloga.
Aliás, se fosse pra entrar em contato com os meus pensamentos e sentimentos apenas uma vez por semana, dependendo para isso de outra pessoa, um profissional no caso, eu não daria conta.
Por isso, considero fundamental essa autonomia que a escrita me dá no contato comigo mesma.
- Esvazio a minha cabeça, registro as minhas ideias, mesmo aquelas que aparentemente são impossíveis de serem executadas no curto prazo… Algum dia elas serão aproveitadas.
Pra além disso, ao “fechar” e “abrir” cada mês (fazendo um apanhado do que aconteceu, as maiores conquistas e desafios, assim como colocando intenções pro mês seguinte), minhas metas de começo de ano não são simplesmente frases bonitas e abstratas, mas realmente objetivos que eu consigo acompanhar mês a mês e ver se estou de fato caminhando na direção que me propus.
Apesar de que, na prática… o barato é louco, e o processo é leeeeento e muitas vezes as coisas gastam muito mais tempo pra ficarem prontas do que eu previa inicialmente. Se assim não fosse, meu filme já taria pronto há mais tempo… já taria em um outro patamar financeiramente. Mas como dizem por aí, vou acreditar que a direção é mais importante que a velocidade.
Outra vantagem de manter um diário (e ter uma frequência na leitura dos seus próprios escritos) é que você percebe seus ciclos de altos e baixos internos.
Todo mês tem uns dias que me sinto super conectada com tudo, com Deus, com a natureza, a vida, me sentindo super grata, acreditando em mim e no meu trabalho… E todo mês tem dias que eu me sinto um lixo, fracassada, inútil pro capitalismo, etc, etc, etc.
Depois de um tempo percebendo os mesmos ciclos acontecerem, você já começa a ter uma outra relação com as suas sombras, traumas, medos, cicatrizes… e passa a se identificar menos com eles, ou pelo menos, lembrar que aqueles dias difíceis vão passar, e que logo virão outros melhores.
Bom, essa é a forma como eu tenho feito e funciona pra mim.
Ninguém me ensinou a fazer assim, e provavelmente se você for fazer vai desenvolver o seu próprio sisteminha.
O meu já mudou bastante ao longo dos anos. Começou bem simples (há uns seis, sete anos atrás) anotando uma coisa pela qual eu era grata no dia… Depois, como gosto de escrever, além da coisa boa eu comecei a registrar também as ruins. Quando vi já tava anotando o que dava na telha, deixando fluir mais livremente.
Aí em 2016 eu vivi um período tenebroso da minha vida e pra tentar organizar o caos da minha cabeça e coração e sair do buraco que eu tava, eu passei a me investigar ainda mais profundamente. Cheguei a fazer até gráfico de sentimentos, que coloria no papel pra marcar o que tinha sentido naquele dia.
Nessa época eu levava uma quantidade absurda de projetos ao mesmo tempo e fazia tracker de hábitos e atividades pra acompanhar o tempo que me dedicava à cada um deles.
Depois de um tempo vi que (pra mim) isso era excessivo: tanto o número de projetos a que me dedicava quanto esse acompanhamento minucioso de hábitos. Acabava que eu quase que gastava mais tempo planejando do que executando de fato.
Atualmente tanto a forma como organizo meu diário, quanto minha agenda e meu acompanhamento de projetos (posso escrever sobre isso aqui depois), é beeeem mais simples. Pra mim já são automáticos e super intuitivos.
Bom, hoje é dia 5 de maio de 2021, e eu escrevi isso tudo porquê no fechamento de abril (e também ao longo do mês) tive muitos momentos de raiva, frustração e agonia em relação à trabalho.
Me analisando internamente, percebi que um dos motivos dessa raiva é que na condição de freelance home-office eu não estava sabendo colocar limites e estava trabalhando muito mais horas do que o combinado, entregando o meu máximo para o sonho dos outros… enquanto mal estava correndo atrás dos meus.
Por isso combinei comigo mesma que todo dia, antes de trabalhar pros outros, eu passaria pelo menos 1h por dia trabalhando pra mim. Liguei o temporizador, e esse texto foi o resultado da hora de trabalho de hoje. Fim. 🙂
