Ir além do espelho – Como enxergo o tarot e o que busco com este oráculo

Ainda sinto um certo frio na barriga toda vez que embaralho as cartas.

Ao deitar as lâminas, meu maior medo é do jogo anunciar o fracasso de alguma iniciativa que o consulente realmente deseja empreender: uma viagem, um negócio, um novo trabalho, um relacionamento…

O segundo maior medo é das cartas sobre o pano não terem nada a ver com a situação do consulente. A pessoa tá vivendo um perrengue no trabalho e as cartas falarem que tudo corre às mil maravilhas, ou sei lá, eu perguntar prédio e as cartas responderem banana.

Ainda que o primeiro medo às vezes se concretize, e sim, vira e mexe eu tenha que dar algum alerta ou perspectiva negativa pra pessoa; o segundo medo é bem mais raro de se realizar.

Felizmente até hoje na grande maioria dos jogos o tarot acerta ao trabalhar os temas e em representar fielmente a situação de vida do consulente em determinada área da vida.

Nesse sentido,

O que acontece muitas vezes é da pessoa falar: “Sim, é exatamente isso o que eu estou passando!” ou “Ah! Mas disso eu já sabia…

A chance estatística da sincronicidade

Há várias formas de se ver uma tiragem de tarot. Uma pessoa mais imagética, poderia pensar no jogo como um quadro, com múltiplos planos e acontecimentos simultâneos, que compõem e atuam sobre determinada situação.

Como sou escritora, gosto de pensar num jogo de tarot como um texto. Cada carta traz (pelo menos) uma frase, um sentido. Juntando as frases de cada carta, o tarólogo forma o parágrafo, ou o texto, que representa certo recorte da vida do consulente em determinado momento.

Para fins didáticos, suponhamos um jogo simples, de apenas 5 lâminas. Se temos cinco lacunas para preencher com 5 das 78 cartas do tarot, sendo que a posição das cartas altera o sentido delas, só aí já temos infinitas combinações possíveis de cartas, e consequentemente, de situações retratadas.

Assim, pra mim só o fato do tarot acertar ao retratar com exatidão a sua situação em determinada área da vida já é algo espantoso.

Dessa forma, ao invés de uma ferramenta de prever o futuro,

O tarot pode ser visto como uma máquina de ler o presente:

…Um espelho.

Partindo dessa perspectiva, o tarot opera como um oposto (um oposto complementar, talvez?) da psicanálise. Se na psicanálise a magia acontece na medida em que o próprio paciente elabora verbalmente suas vivências, e principalmente, se escuta falar

No nosso tarot-espelho o consulente escuta uma pessoa externa, no geral desconhecida, contando a sua história e elaborando a sua vivência através de 78 cartas, recheadas de símbolos.

Assim, como consulente, escuto o tarólogo falar da minha vida, usar os os símbolos dele pra ler o meu caminhar… ilustrar com metáforas e figuras de linguagem os desafios que estou enfrentando e as possíveis saídas, assim caminhos promissores de sucesso.

Qual é o papel do tarólogo?

Acredito na leitura do tarólogo das cartas que se soma à percepção do consulente sobre a própria vida, que reforça a intuição… que pontua respostas e caminhos mais brilhantes no interior da própria subjetividade de quem se senta do outro lado das cartas.

talvez na modalidade espelho, e eu fico feliz que o tarot responda o que eu pergunto, e apresente pra pessoa o que ela já sabe, porque isso em si já é resposta, e um convite a que a pessoa confie em sua própria intuição e processos subjetivos,

às vezes o que o consulente quer ouvir é outra pessoa falando, contando a sua história, dando exemplos, trazendo metáforas, propondo caminhos que ele mesmo já sabe que existem.. incentivando alguns que já estão em sua intuição

Embora sem dúvidas haja algum alívio terapêutico em acessar o tarot como esse espelho simbólico, entretanto, quem busca respostas corre o risco de ser como o louco que grita suas perguntas para o abismo e recebe de volta apenas sua própria voz repetida e amplificada muitas vezes.

Como ir além do espelho?

Como formular as perguntas certas de maneira que o tarot consiga apresentar a situação por uma ótica nova à pessoa, mostrando outros lados da questão, realmente aprofundando e ampliando a perpepção do consulente em torno de uma certa questão?

Antes de tudo acho fundamental pontuar que nem toda pergunta pode nem deve ser respondida. Faz parte da experiência humana o não saber, o entregar-se ao destino, o deixar-se surpreender.

Nem mesmo o mais talentoso e sensível tarólogo escapa à certas leis, como a da ignorância intrínseca humana, a nossa falta de controle sobre as situações externas. Assim é e para a nossa evolução assim precisa ser.

Talvez mais importante do que saber se tal relacionamento vai ou não dar certo, se ele te ama de volta ou não, se suas investidas de sedução serão eficazes em ganhar seu coração…

Mas sim investigar a sua auto-estima, o porquê você está tão obcecada com esse rapaz, como pode evoluir emocionalmente, quais são suas maiores dores.

Caminhar as estradas obscuras da psique e da espiritualidade de quem se senta na nossa frente. Analisar os pormenores do caminho sob a lamparina do heremita, folhear o livro da vida deitado no colo da sacerdotisa, pontuar abundantes e criativas saídas e possibilidades de imperatriz, entendendo, à luz do pendurado, que certas perguntas não tem mesmo resposta, mas merecem ser observadas por um outro ponto de vista.

Guiar a pessoa através da aventura de olhar-se no espelho

Destacar características que às vezes ela não está vendo por se concentrar demasiado nos “defeitos” ou dificuldades

Elogiar o brilho dos olhos as potências

No fim, nosso papel é sermos lanternas, carros, estrelas guias… da jornada da alma, do louco ao mundo, para então iniciar tudo como louco outra vez.

Desnudar-se

Sem julgamentos, juízos de valor

Buscando a evolução e a felicidade dessa pessoa que se senta na sua frente

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