Construindo pontes através das paredes: Os lambes fotográficos de Bruno Ulhoa

Gostaria que você se apresentasse: seu nome e seu trabalho
Sou Bruno Ulhoa. Artista de rua, designer e skatista! Um cara feliz pra caramba. Trabalho com lambe lambe e fotografia desde 2017. Gosto de misturar geometria, padronagem e sentimento. Gosto dessa mistura que eu inventei, mas ao mesmo tempo não quero me prender, pra mim é fundamental sempre estar livre pra criar coisas novas.

Eu sou um cara apaixonado, gosto de fazer o que faço e das minhas criações. Se a gente não gostar da gente quem é que vai!? Eu adoro meu trabalho.

Toda essa criatividade vem desde sempre?
Tive uma família que sempre me deixou muito livre, então sempre corri muito por aí… O ambiente externo me inspirava e me inspira muito. Eu sempre gostei de desenhar desde pequeno, fiz algumas aulas que curtia muito. Mas a vida faz a gente desenhar, parar, achar que não é isso que vai dar certo, que não é esse o nosso caminho… mas no final é isso sim! Sou feliz por ter acreditado em mim e no meu corre e persistido na arte.

Quando você se descobriu artista?
Me descobri artista quando eu passei a acreditar em mim. Eu acho que todo mundo já nasce artista, alguns ainda não descobriram… e quando rolar vai ser aquele boom de alegria! Quando a gente faz o que a gente ama, acaba que a gente leva a sério sem fazer força, porque a gente ama.. é um combo de coisa boa.

Você vive integralmente da sua arte atualmente?
Ainda não vivo integralmente da minha arte, porquê moro com meu pais idosos, então eu fico por perto e atento. Mas meu trabalho tem me dado esse retorno financeiro, sim. Com esse dinheiro eu faço uma poupança pra montar uma casa com minha pistinha de skate, é meu grande sonho.

Tem quanto tempo que sua arte te rende dinheiro? O que você fazia antes pra se manter? Já trabalhou de outras coisas?
Tem mais ou menos 3 anos que meu trabalho me rende grana. Antes disso pra me manter já fiz de um tudo: freela de design, bar, trabalhei em shopping, vendia videogame, já trabalhei em pista de skate, já vendi salada de fruta na praia, prancha de surf…
O bom é que eu abro o leque, cada lugar que a gente vai trabalhar a gente tá aprendendo uma coisa nova, mas o meu sonho sempre foi trabalhar pra mim mesmo e hoje poder fazer isso com o que eu amo é especial demais.

Como você coloca preço nas suas obras?
Acho que até hoje não sei colocar preço nas minhas paradas, mas a cada passo a gente vai aprendendo e pegando malícia. Eu sou muito perguntador, então eu vou perguntando pras pessoas e aprendendo. Vou vendo que as pessoas contabilizam no orçamento o valor da gasolina, o valor das horas gastas, que tempo é dinheiro mesmo…

Mas eu sou mais tranquilo, vou no que eu acredito. Minha obra varia de valor de pessoa pra pessoa, de lugar pra lugar. É claro que cobro valores diferentes para um lugar chique e uma obra que faço na favela. Às vezes tem uma tia na comunidade que quer fazer, mas não tem recurso… Aí é óbvio que eu faço de graça, mas a outra tia que tem um negócio num lugar massa é óbvio que ela vai pagar.. Eu vou analisando e aprendendo como as coisas funcionam.

Quais são as temáticas em torno das quais suas obras orbitam?
Cada um lê de um jeito é muito massa quando as pessoas falam o que significa pra elas o que elas leem, o que elas entendem. Eu gosto muito disso: de pegar uma fotografia e de poder mexer com ela e colocar ela de uma forma diferente, sem ser num papel pequeno, ou numa tela.. Expandir a imagem pra rua! E o lambe lambe é uma coisa antiga pra caramba, gosto de juntar isso com olhares, sorrisos, abraços… Eu gosto de resgatar nas pessoas o que realmente importa: ser feliz, estar junto, sorrir!

Qual foi o momento mais marcante da sua carreria?
O momento mais marcante da minha carreira foi fazer Demétrio no MOFUCE, uma casa estudantil que abriga uma gama enorme, diversa, de pessoas.. Meninos, meninas, menines, pessoas indígenas! Poder fazer Demétrio lá foi muito especial.

Demétrio foi meu amigo que foi suicidado por essa sociedade preconceituosa, intolerante. Ele tirou, ou melhor, a sociedade tirou a vida dele e eu fiz essa homenagem pra ele lá no MOFUCE. Fiz um Demétrio com 10 metros quase, gigantesco, e foi muito importante eternizar ele ali bonito, sorridente, como ele é.

Qual é o maior desafio que você encontra como artista independente?
É um grande desafio ser um artista independente, a gente tem que tá sempre em movimento, buscando coisas novas, criando coisas novas.. e ao mesmo tempo é muito gostoso e gratificante trabalhar pra gente mesmo, sabendo que tudo depende de nós, que fazer dar certo depende da gente.. Fazer dar certo, eu digo, assim, a gente pode falhar mas se a gente tiver batalhando sempre a gente vai cair e levantar.

O medo é não conseguir estabilidade, se manter estável. O trabalho independente é instável, um dia que tem outro dia não tem.. Então no dia que não tem a gente tem que inventar e nisso a gente vai inventando artimanhas pra sobreviver.

Quais são suas maiores inspirações?
Minhas maiores inspirações são as pessoas e a Vida. A vida é minha maior inspiração. Tentar fazer que através da arte as pessoas valorizem coisas valiosas, fundamentais, preciosas que muitas vezes são esquecidas.. o real valor de riqueza são as pessoas!

Saber que tipo de pessoa quero ou não junto na minha vida. Quero ser igual essa menina, esse menino, que é educado, é gentil… Nós somos reflexos de várias pessoas por onde a gente passa, tanto no positivo quanto no negativo.

Onde você quer chegar com seu trabalho?
Eu não quero chegar em lugar nenhum não, eu quero continuar indo, indo, indo… Aprendendo, acertando e errando. Quero continuar nessa caminhada tendo a oportunidade de aprender cada mais e que eu possa ser um artista cada vez melhor e com mais consciência. Meu desejo é que eu possa trazer bons pensamentos pra pessoas e modificar um pouquinho que seja o coração das pessoas. Se eu chegar num sorriso do outro lado da rua eu já me dou por satisfeito.

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