_Uma volta ao mundo através dos livros: Planejando as leituras do ano

Sou do tipo de pessoa que escuta música o dia inteirinho. Não começo uma tarefa sequer até achar a trilha sonora perfeita para a sua execução, o que acaba gastando tempo e muitas vezes me atrasa a vida.

Essa ansiedade de matar a minha “fome” de cultura com exatamente-aquilo-que-desejo-consumir-no-momento se manifesta de maneira ainda mais intensa quando o assunto é filme.

Se tem uma coisa que me deixa agoniada é ficar rodando o catálogo do Netflix pra escolher o que assistir. Não é incomum que no meio do processo eu tome raiva, desista de tudo e vá fazer outra coisa. É por isso que eu me preparo, pesquiso com antecedência e já deixo na manga uma listinha do que eu quero ver.

Com literatura não seria diferente. Por já me conhecer o bastante para antever minhas picuinhas e obsessões, quando decidi me colocar a meta de ler 50 livros no ano de 2020, eu sabia que precisaria me preparar.

Todas as imagens desse post são fotografias da série On Reading, de Steve McCurry, que retrata o amor pela leitura de pessoas de diversos cantos do mundo.

Vou aprender a ler, pra ensinar meus camaradas

Além do sentimento de “estou fazendo algo por mim” e “se eu quero aprender a escrever, eu preciso ler”, essa intenção de arraigar o hábito da leitura na minha vida era uma estratégia para me auto-educar.

Eu estava me sentindo burra.

A verdade é que já tinha quase 5 anos que eu havia me formado e no mundo real e cotidiano as pessoas 1) em sua maioria não ficam lendo textos teóricos,

2) Não agem como os acadêmicos que pegam seus cafés e seus cigarros de palha e ficam divagando sobre os problemas da humanidade como se a opinião deles fosse capaz de mudar alguma coisa. Isso me irrita mas eu sinto falta de alguma forma, confesso.

Por outro lado, pra mim ficava cada dia mais óbvio a importância de dar um passo pra trás e me instrumentalizar com leituras que me ajudassem a interpretar a realidade com mais profundidade ao invés de ficar sendo arrastada pra lá e pra cá pela torrente de notícias de internet, acompanhando em tempo real (e espumando de raiva com) o último desatino do Bolsonaro.

Tendo já alguma experiência com promessas de ano novo não cumpridas, eu sabia que não adiantava colocar a meta de ler 10 livros de filosofia ou política num ano, porquê simplesmente não ia rolar.

Eu não tenho familiaridade com esse tipo de leitura, tenho preguiça e resistência com a forma quase cifrada com que muitos desses autores acadêmicos escrevem. Maaas… eu gosto de ler literatura e existem obras de ficção sensacionais que abordam temas políticos e que podem ir me ensinando de quebradinha.

Se eu conseguisse me firmar no hábito da leitura diária (de literatura, que fosse) com certeza daqui há um tempo eu estaria mais preparada pra encarar livros mais densos de não-ficção. Pelo menos foi essa a estratégia que eu tracei.

School Girl in Kunduz. Afghanistan, 2002.

Como construí a lista de leituras do ano

Ficção

Passo 1) Fui na lista dos “1001 livros pra ler antes de morrer“, “500 melhores livros de todos os tempos” etc, etc, etc. Copiei e colei tudo numa página do Evernote.

Passo 2) Comecei a negritar os que eu já tinha ouvido falar e/ou que o título me parecia interessante. Um dos critérios utilizados foi deliberadamente selecionar mulheres, negros e outros escritores não-brancos.

Passo 3) Criei uma nova lista com esses títulos pré-selecionados (destacados das listas maiores). Então os organizei em categorias menores:

  • Literatura Brasileira
  • Literatura Latino americana
  • Literatura Americana (EUA)
  • Literatura Européia (acho que ainda dissequei essa em Britânica, Francesa e “Europa outros”)
  • Literatura Russa
  • Literatura Não-ocidental (Africana, Indiana, Japonesa, etc)

Passo 4) Para enriquecer as listas, fiz pesquisas específicas sobre a literatura de cada região. Por exemplo buscava os “melhores livros de literatura latino-americana”, lia algumas matérias sobre o tema, aí eu ia e colocava os livros que me interessavam na minha listinha de livros latinos. E assim por diante.

Obs.: Volta ao mundo

Tem uma frase que gosto muito que diz:

A pessoa que lê vive milhares de vidas antes de morrer, a pessoa que não lê vive uma só.

A literatura nos oferece a possibilidade de experimentar a vida pelos olhos do outro, conhecer realidades que nos são completamente estrangeiras e assim aumentar nossa empatia ao nos sensibilizar para questões que não nos atingem diretamente.

Assim, na hora de montar essa lista de leituras optei por incluir autores (e muitas autoras!) do mundo todo, de diferentes origens e raças, no intuito deliberado de expandir a minha percepção da vida e da diversidade da experiência humana nesse planeta louco.

Não-Ficção

Passo 5) Para construir minha listinha de livros de não-ficção para o ano, elenquei assuntos que me interessam e que eu gostaria de ler a respeito:

  • Política
  • História/sociologia
  • Finanças pessoais
  • Criatividade
  • Organização/Produtividade/Hábitos (já deu pra ver que me interesso por essas coisas)
  • Espiritualidade
  • etc etc etc

Passo 6) E então repeti o mesmo processo, procurando os melhores livros de cada categoria nos recortes que me interessavam de cada tema.

Pra fazer tanto a lista de ficção quanto a lista de não-ficção tive dois melhores amigos:
1) a Amazon 2) o Goodreads, uma rede social de leitura.

Olhava a nota dos livros nas duas redes e me esforçava em pegar os livros com as melhores avaliações possíveis. Já falei que a vida é muito curta pra ler livro ruim!

Passo 7) Quando finalizei as listas, passei pro próximo passo: baixar tudo. Foram pra lá de 100 livros. Disponibilizo tudo organizadinho aqui no drive, ó. Se joga, viado!

Passo 8) Depois foi só enviar tudo pro Kindle, e organizar em pastinhas segundo as mesmas categorias elencadas ali em cima.

Passo 9) Pra finalizar, fiz um planejamento dos livros que eu leria mês a mês em 2020, mesclando tipo 2 ou 3 livros de literatura por mês, 1 de espiritualidade e 1 mais “hard-science” tipo política, finanças, coisas mais técnicas que eu já sabia que teria mais preguiça/resistência/dificuldade.

Como funcionou na prática

Bom, por mais que eu tenha me planejado bastante e construído o melhor que pude as condições materiais para executar meu plano, na vida real nossa vontade não obedece as regras que a gente cria tão preto-no-branco.

>>> Para acessar a minha lista de leituras para o ano clique aqui.

Tinha mês que tava planejado pra ler a, b e c mas de última hora uma amiga me indicava um livro, ou via algum youtuber falando de um título que eu ficava muito afim de ler e passava ele na frente.

(No meio disso de pesquisar sobre livros pra ler, comecei a seguir vários youtubers e produtores de conteúdo sobre literatura e leituras no geral nas redes sociais.)

Acabei não conseguindo bater a meta dos 50 – se eu tivesse lido todo dia por 1h teria rolado, mas em meio ao caos social da pandemia fiquei meses sem encostar num livro – mas vou concluir o ano com uns 34 livros lidos. Estou satisfeita.

Além de ler os livros, a ideia inicial era também escrever sobre eles que na medida em que os finalizava. Devo ter feito isso só em janeiro, hahaha. Mas pra 2021 tenho esse espaço aqui (esse site mesmo!) pra exercitar esse tipo de escrita. 🙂

Bom, melhores livros do ano até agora:

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