Eu sou nerd. Não nerd de videogame e história em quadrinho (na verdade até gosto de quadrinhos, mas não de Marvel e DC*)… Mas nerd, do meu jeito próprio.
Se fosse só o fato de ser uma pessoa apaixonada por arte em suas múltiplas linguagens, talvez não me afirmasse assim. Mas acontece que eu sou (no geral) uma pessoa tão metódica no estudo do que me interessa que acho que a alcunha me descreve bem.
Eu tenho, sim, o desejo e a ambição de ser uma pessoa culta no futuro. E quando falo culta não me refiro necessariamente à leituras acadêmicas; mas no sentido de consumir a melhor e mais diversa literatura, cinema, artes visuais e música que eu conseguir achar.
E ao mesmo tempo manter a mente aberta o bastante para compreender e ver beleza nas expressões artísticas que forem surgindo na medida em que eu envelheço.
*Nada contra Marvel e DC eu só costumo ler outro tipo de quadrinhos.
O meu ideal é me educar criticamente e me manter sensível para a(s) realidade(s) do mundo à partir do consumo constante e contínuo de arte.
Com música, isso acontece bem naturalmente; não preciso me planejar pra que isso aconteça. Com literatura, quando me coloquei a meta ousada de ler 50 livros por ano, precisei me preparar, pesquisar títulos e fazer listas.
Em relação aos filmes também tracei estratégias.
…Precisei traçar estratégias principalmente porquê eu não sou aquela pessoa cinéééfila. Na tela grande até vai, mas em casa se o filme for chato, eu durmo. Gosto de filme bom, que prenda minha atenção, me emocione, me cause sensações, angústias, me faça dar risada, pensar.
Claro que às vezes tudo que a gente mais quer é botar uma bobagem reconfortante pra passar e só dar risada e não pensar em nada. Pra esses momentos eu amo sei lá tipo “O diabo veste prada”, “Meninas Malvadas”, “Matilda”, “As patricinhas de Beverly Hills”.
Mas tem outros momentos que eu quero entrar em contato com o que foi produzido de realmente foda no último século em termos de “sétima arte”. E quando falo isso não é que eu assista só sei lá cinema francês e iraniano (não mesmo!) mas adoro acabar um filme com aquela sensação de “PUTAQUEPARIU, que filmasso!!!”.
E pra ser sincera não é sempre que a Netflix me traz essa sensação revigorante. Acho o catálogo deles no geral bem fraco, pelo menos pra mim que não sou a maior fã de séries desse mundo.
No Youtube só tem filme dublado; o Netflix mais me faz passar raiva do que me dá satisfação de fato; não tenho mais carteirinha de estudante já há uns bons anos e uma inteira no cinema na minha cidade custa tipo uns 50 pau: impraticável.
Pra sair dessa encruzilhada, desde 2018 sou adepta e fã incondicional do Stremio, uma plataforma gratuita de streaming de filmes (tipo um Popcorn Time, mas que funciona) que você tem acesso gratuito a basicamente todos os filmes produzidos de 1980 pra cá, e muitos dos clássicos antigos também. Sem precisar fazer o download do torrent.
O Stremio é como se fosse uma Netflix infinita e gratuita.
Ótimo, maravilhoso, excelente, sensacional. Mas logo que o deslumbramento inicial passa, vem aquela inquietude: frente à infinitude de opções, o que assistir?
Para resolver essa angústia de querer assistir algo e não saber o quê, entra em ação a nerd metódica. No fim de 2019, mesmo período em que eu fui elaborar minha lista de leituras para 2020 fazendo para isso uma super pesquisa dos melhores livros de todos os tempos nas mais diversas regiões do mundo… também fiz a mesma coisa com o cinema.
A metodologia é mais ou menos a mesma.
Entrei no IMDB e fui nas listas de melhores filmes de todos os tempos. Selecionei o que mais me interessava. Depois entrei na lista de “melhores filmes de comédia de todos os tempos”, selecionei o que me interessava.
Depois fui nas listas de indicados ao Oscar e ao Globo de Ouro de 1990 até 2019, uma por uma, selecionando aquilo que me chamava a atenção.
Depois pesquisei no Google: melhores diretores de todos os tempos, ou sei lá, diretores clássicos, filmes que você não pode morrer sem assistir, coisas do tipo, não lembro exatamente os termos. Mais uma vez peguei o que brilhava aos meus olhos e coloquei na lista.
Tô com minha lista pronta, e agora?
Uma vez em posse da minha listinha pronta, que você pode acessar aqui, fui pro Stremio e adicionei um por um (os que tinham) dos filmes selecionados à minha biblioteca – Sim, além de tudo o programa tem essa função maravilhosa! – construindo assim o meu próprio Netflix.
A grande maioria dos mais de 200 filmes da lista tem nota superior à 7,5 no IMDB. Tá que às vezes o público é injusto ou insensível à obras geniais, mas no geral um filme não é uma unanimidade à toa. Ruim de doer que não vai ser.
Assim, depois de configurar o meu Stremio eu tinha certeza que toda e qualquer hora que eu quisesse ver um filme eu podia ir na minha biblioteca e escolher qualquer um daqueles títulos qu provavelmente seria bem atendida.
